3ª Lei – O Dragão Negro
No Dragão se encontra
o poder procriador
da substância imortal,
fonte de vida.
Num lugar misterioso, em outra dimensão da existência, o Guerreiro da Luz, verdadeiro “aventureiro da alma”, trabalhará com o Dragão num combate mortal, pois quem abate o Dragão do Terceiro Sendeiro abre as portas do Grande Mistério.
Depois de experimentar este estado de Consciência Superior e de atravessar o umbral do sétimo espelho, de repente o aventureiro da alma cai, submergindo em incontáveis espaços tenebrosos, afundando-se na terra pantanosa que são os domínios do Dragão Negro, criatura que faz tremer o solo com sua gigantesca massa.
Enquanto trabalha para que sua queda não seja fatal, o Guerreiro da Luz contempla estupefato a figura da terrorífica criatura. O Dragão Negro é um engendro colossal, etérico, mítico, com olhos sanguinolentos e sete cabeças de cor cinza, eretas como capuzes de cobra naja. Ele é o mais pavoroso dos dragões voadores com suas asas de lâminas afiadas. Seu alento é vapor sulfuroso incandescente, fluido mortal, eflúvio assassino, pestilência, perfume infernal. Seus esconderijos favoritos são os alagadiços infestados de tritões demoníacos, súcubos, íncubos e toda classe de bichos infernais.
A presença brilhante do Guerreiro da Luz encolerizou o Dragão Negro, que imediatamente decidiu atacá-lo.
A bocarra da primeira cabeça, o medo, mordeu o guerreiro e seu veneno fatal começou a corroer suas entranhas, como a larva que rói no silêncio da obscuridade.
A ferida causada pelas presas da segunda cabeça, a ambição, corrompeu seus diáfanos sentimentos e desviou seu intelecto para o materialismo enfermiço.
A mordida de caninos da terceira cabeça, a inveja, gerou uma chaga em carne viva, na qual se incubaram os gusanos do caos.
O veneno causado pela quarta cabeça, a ignorância, petrificou o Guerreiro no mais inebriante irracionalismo ao absorver seu discernimento para não deixá-lo pensar com lucidez.
O tóxico injetado pelas presas da boca da quinta cabeça, a obsessão, provou uma hipnose doentia que lhe fazia ver o falso como verdadeiro e o irreal como real.
O narcótico inoculado pela sexta cabeça, a dúvida, fez cambalear seu pensamento intuitivo para arrastá-lo ao sofrimento gerado pela falta de certeza.
E o vírus da laceração da sétima cabeça, a falta de fé, foi o resultado da mordida final que o deixou moribundo.
E quando as sete cabeças se misturaram numa trança cigana negra e brilhante, o Dragão Negro tentou também estrangular não somente o amor mais puro, mas também os sentimentos de amor pelo divino.
No preciso momento que era iminente a morte do Guerreiro, asfixiado pela lustrosa trança ônix do Dragão Negro, surge, em meio à obscuridade, uma brilhante cruz luminosa.
Do imanente centro do símbolo sagrado a indefinível voz de Pistis Sophia vibrou naqueles rincões do abismo, ensinando:
– Aguerrido e cintilante aventureiro da alma, ainda há tempo de não seres enforcado e envenenado pelas materialistas cabeças do Dragão Negro e de preservares o valioso tesouro que constitui o sentimento de amor que professas pelo divino.
Ao que indagou o Guerreiro:
– Existe, em meio à minha agonia, algum milagroso antídoto que me devolva a alegria de viver ?
– O mágico antídoto que tanto anelas para salvar-te encontrá-lo-á quando recolher-te em ti mesmo, tornando teu coração simples.
– Porém, dentro desse monstruoso sufoco em que me encontro, minha razão e meus sentidos pouco vêem e continuamente me enganam.
– O sábio conhecimento de ti mesmo é o caminho exato para tua salvação.
– Como podes me falar de salvação diante dos nebulosos poderes do Dragão Negro ?
– O Dragão Negro vive em tua própria mente divagadora, em teu subconsciente inexplorado, em tua ignorância ancestral e em teus sonhos de poder. Se queres levantar o véu do Grande Mistério que contém a Terceira Lei do Guerreiro de Luz e salvar-te de sua opressão, deverás fazê-lo com os poderes da fé.
– Fazes referência ao simples ato de crer ?
– A crença é ignorância cega. A fé é conhecimento iluminado,
– Ó Pistis Sophia, os efeitos letais dos venenos draconianos não me deixam compreender as revelações que encerram tuas palavras de sabedoria !
– A fé é a capacidade de amar que possui cada Guerreiro em seu coração e em sua mente, para que possa receber o manancial de energia divina que se plasma no físico e que gera o que muitos chamam de milagre. Quando a fé se une com o amor se produz o milagre.
Depois de escutar as esclarecedoras palavras de Pistis Sophia, o Guerreiro da Luz concentrou todas as forças dentro de si mesmo, dirigindo-as à sua mente e ao seu coração.
E assim, mediante esforços sobrenaturais, o microcosmos-homem se abriu para receber a torrente de energia divina que gerou o milagre da desintegração das sete cabeças e a neutralização dos efeitos mortais dos venenos do Dragão.
A torrente de energia divina, com sua cor e brilho esmeraldinos, iluminaram o abismo onde se perfilava o Terceiro Sendeiro que novamente foi estremecido pela apocalíptica voz do Dragão Negro, revelando a Terceira Lei: “Os maiores inimigos estão dentro de ti mesmo: o medo, a ambição desenfreada, a inveja, a falta de sabedoria e de filosofia de vida. Quando conseguires eliminar teus inimigos internos através da sabedoria, criarás menos inimigos no mundo externo”.
Visualização
Concentre-se, com todas as forças da alma, em tua mente e em teu coração.
Visualize uma torrente de luz de cor esmeralda, brilhando e iluminando todo o teu universo interior.
Imagine a materialização do milagre que tanto anela dentro de teu Ser.
Exercício
Vá até a livraria mais próxima e compre a obra intitulada O Livro Tibetano dos Mortos (Bardo Thödol). Após a correspondente leitura, reformule sua filosofia de vida.
Fernando Salazar Bañol